Se souberes ler nas entrelinhas, não busques nas minhas
palavras somente o que foi dito. Lê também os meus olhos, porque eles dizem
muito do que eu quero e não devo, do que eu preciso e não peço.
Olha para baixo e percebe que o chão nos mantém firmes na
realidade, olha para cima e sonha alto. Em voz alta. Lê, além das palavras, o
silêncio que se propaga da minha boca na mesma frequência em que eu olho.
Lê-me. Lê-me suavemente, aproveitando cada sentido. Cada
emoção que se trama no meu corpo, enquanto digo. Lê-me nervosamente.
Entendendo que não é só de paz que se trava o jogo. Duelos estão também na
minha boca.
Se tu souberes ler nas entrelinhas, entenderas que, se eu te
responder que estou bem, eu não estou. Porque a paz, a paz, ela não existe. A
vida é um jogo que se joga: e que se perde. E essa derrota é dolorosa para mim.
Mas me deixa cada vez mais perto de tudo. Me deixa mais humana do que nunca. Se
tu souberes ler nas entrelinhas, me entenderá. E pronto.
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